28/10/2010

SÃO SEBASTIÃO PROTETOR E PADROEIRO DOS GAYS.

No ano de 2000, os movimentos de defesa dos homossexuais no Brasil proclamaram São Sebastião como protetor e padroeiro dos gays.

PROCLAMAÇÃO DE SÃO SEBASTIÃO PATRONO DOS GAYS E A IGREJA DE SÃO SEBASTIÃO DOS BENEDITINOS DA BAHIA, SANTUÁRIO HOMOSSEXUAL DO BRASIL.

NÓS, GAYS, LÉSBICAS, TRAVESTIS E TRANSEXUAIS presentes aqui, na Igreja de São Sebastião do Mosteiro dos Beneditinos de Salvador, proclamamos hoje, 20 de janeiro de 2000, esta Igreja como o Santuário Homossexual do Brasil, e São Sebastião, padroeiro e patrono dos gays, lésbicas, travestis e transexuais do Brasil.

Seguindo uma tradição do povo gay que perdura desde primeiro milênio da Era Cristã, e que fez de São Sebastião o principal ícone e modelo da homossexualidade, proclamamos solenemente, neste primeiro aniversário de São Sebastião no terceiro milênio, nossa fé de que nosso santo padroeiro vai nos dar força para vencermos os inimigos e o mal que ainda ameaçam nossa vida e a felicidade, e que a partir deste novo milênio, a comunidade homossexual do Brasil passará a ser respeitada com os mesmos direitos dos demais cidadãos.

Pedimos a São Sebastião que seja nosso advogado para a obtenção de três graças especiais:

1] O fim da violência anti-homossexual: as mesmas dores que o mártir São Sebastião sentiu ao ter seu corpo vazado pelas flechas, estas mesmas dores continuam a machucar ainda hoje os homossexuais: a cada três dias um gay, travesti ou lésbica é barbaramente assassinado, vítima da homofobia, mais de 170 homicídios cometidos somente em 1999;

2] Que a Igreja Católica e todas as religiões peçam perdão aos homossexuais pela perseguição, fogueira, inquisição e intolerância como ainda hoje tratam os homossexuais; que aceitem e abençoem o amor homossexual pois "onde há amor, Deus aí está"; que instaurem pastoral específica para os homossexuais, pois também somos filhos de Deus e Templos do Espírito Santo;

3] Que São Sebastião, tradicional patrono contra a peste, inspire os cientistas e pesquisadores a encontrar rapidamente a cura da Aids, afastando para sempre o fantasma desta epidemia de nossa comunidade, ajudando aos soropositivos e doentes de Aids a vencer a dor e a ter vida longa e saudável.

Ao consagrar esta igreja como Santuário Homossexual do Brasil, conclamamos a todos os gays, lésbicas e travestis do Brasil e do Mundo que não deixem morrer esta semente de esperança que hoje aqui plantamos, e que nos próximos anos venham celebrar nosso orgulho e esperança aos pés de nosso patrono, o glorioso São Sebastião, padroeiro dos homossexuais.

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SÃO SEBASTIÃO (França, 256 d.C. — 286 d.C.)

Padroeiro da Cidade do Rio de Janeiro. Tal como São Jorge, Sebastião foi um dos soldados romanos mártires e santos, cujo culto nasceu no século IV e que atingiu o seu auge nos séculos XIV e XV (Baixa Idade Média), tanto na Igreja Católica como na Igreja Ortodoxa. Cidadão de Milão, no entanto originário da cidade francesa de Narbonne, foi morto durante a perseguição levada a cabo pelo imperador romano Diocleciano. O seu nome deriva do grego sebastós, que significa divino, venerável.

De acordo com Atos apócrifos, atribuídos a Santo Ambrósio de Milão, Sebastião era um soldado que teria se alistado no exército romano por volta de 283 d.C. com a única intenção de afirmar o coração dos cristãos, enfraquecido diante das torturas. Era querido dos imperadores Diocleciano e Maximiliano, que o queriam sempre próximo, ignorando tratar-se de um cristão e, por isso, o designaram capitão da sua guarda pessoal - a Guarda Pretoriana. Por volta de 286, a sua conduta branda para com os prisioneiros cristãos levou o imperador a julgá-lo sumariamente como traidor, tendo ordenado a sua execução por meio de flechas (que se tornaram símbolo constante na sua iconografia).

O simbolismo na História de São Sebastião, como no caso de Jonas, Noé e São Jorge, é vista, pelas lideranças cristãs atuais, como alegoria, mito, fragmento de estórias, uma construção histórica que atravessou séculos.

O bárbaro método de execução de São Sebastião fez dele um tema recorrente na arte medieval - surgindo geralmente representado como um jovem amarrado a uma estaca e perfurado por várias setas (flechas); de resto, três setas, uma em pala e duas em aspa, atadas por um fio, constituem o seu símbolo heráldico.

A Pintura há muito o nomeou como modelo de pintores da Renascença tornando-o um ícone.

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20 de janeiro é Dia de São Sebastião, Patrono dos Gays.

Por Grupo Gay da Bahia.

No dia 20 de janeiro de 2000, festa do mártir São Sebastião, o Grupo Gay da Bahia (GGB) divulgou documento (primeiro texto) proclamando São Sebastião como o patrono dos gays e elegendo o Mosteiro de São Sebastião dos Beneditinos da Bahia como o Santuário Homossexual do Brasil.

Segundo Luiz Mott, professor de Antropologia na Universidade Federal da Bahia, desde a Idade Média que os homossexuais veneram São Sebastião como protetor da categoria. As gravuras e imagens de São Sebastião sempre o mostram seminu e com pose e expressão bastante efeminado, o que reforçou ao longo dos séculos a identificação deste santo mártir como ícone gay. Famosos pintores gays renascentistas, como Sodoma e Boticelli, pintaram São Sebastião reforçando ainda mais sua nudez e efeminação. Oscar Wilde e Garcia Lorca, ambos homossexuais, eram devotos e chegaram a fazer esboço da pintura deste santo.

Ainda segundo Mott, a escolha do Mosteiro de S. Bento da Bahia como Santuário Homossexual do Brasil se justifica por duas razões: por ter sido a primeira igreja consagrada no Brasil Colonial em homenagem a este santo mártir e pelo fato do Mosteiro da Bahia ter sempre abrigado, desde sua fundação na segunda metade do Século XVI até o século XX, a presença de importantes homossexuais. Mott tem cópia de diversos documentos e processos da Torre do Tombo de Lisboa onde são citados diversos monges "sodomitas" (gays) perseguidos pela Inquisição. Para a atualidade, o GGB dispõe em seu arquivo diversas reportagens publicadas na imprensa local e nacional que mostram o envolvimento dos beneditinos da Bahia e de Olinda com práticas homoeróticas.

A intenção do Grupo Gay da Bahia, ao associar a homossexualidade à igreja Católica, é chamar a atenção das autoridades religiosas de que há muitos homossexuais católicos que continuam fiéis à religião e que desejam que a Igreja os acolha como filhos e irmãos alegando que o Cristo nunca condenou os "sodomitas". Os gays e lésbicas católicos baianos querem que também em Salvador a Arquidiocese nomeie um padre para se ocupar da Pastoral para Homossexuais.

URL: www.ggb.org.br

Um comentário:

Tatá disse...

adorei a matéria! parabéns!

espero uma visita de vocês na postagem sobre "mitos", no Brgay Cultura, que fala sobre "são sebastiã", o endereço é: http://brgay.blogspot.com/2012/01/mitos-tabus-e-preconceito.html

beijos, Tatá